Até vejo um pouco de Led Zeppelin. Talvez algumas pitadas da bateria de Dave Grohl (vide Probot, por exemplo). Mas achei o primeiro álbum do “supergrupo” (é como os chamam) Them Crooked Vultures muito mais Josh Homme do que outra coisa. E isso não é uma constatação negativa ou depreciativa. Acho que Homme tem um talento absurdo e consegue fazer músicas muito boas e envolventes.
Um bom exemplo é o álbum “Song for the deaf”, do Queens Of The Stone Age, que teve na bateria o atual colega Dave Grohl.
Queens of the Stone Age – “No one knows”
Them Crooked Vultures soa como um QOTSA mais calmo, não menos pesado e criativo, embora pareça mais maduro e menos catártico. Às vezes é possível ouvir bases concisas que remetem ao Led Zeppelin de John Paul Jones, baixista do TCV, que também toca outros instrumentos, como teclados, slide guitar e keytar. Um supergrupo porque reúne três músicos que já fizeram história e agora se juntam para criarem ótimos riffs e canções.
O crítico musical Daniel Duschholz descreve da seguinte forma a voz do cantor americano Tom Waits:
“É como se ela fosse embebida em um barril de bourbon, deixada num defumadouro durante alguns meses e depois arrastada por um carro.”
Waits é conhecido pela sua voz que mais parece um uivo de um lobo velho, pelo seu jeito obscuro como se tivesse nascido em um circo de bizarrices e pelas atuações estranhas em filmes.
Contudo, meu amigo Daniel me mostrou uma compilação que é fantástica e tão chocante como a primeira vez que se ouve os grunhidos atuais do artista: sua obra antes do seu disco de estréia, Closing Time (1973).
Dividida em duas partes, The Early Years foi lançado em entre 1991 e 1993 e consiste em gravações feitas em 1971. Nelas, podemos ouvir um cantor muito mais domado, calmo, mas não menos intenso e convincente. Com uma roupagem mais intimista, muitas vezes apenas ele cantando e alternando entre o piano e o violão, é possível confirmar as qualidades técnicas de Tom Waits. Fica claro que por tras da sua voz rouca e sombria, existe, ou existiu, um rapaz que cantava bem e de forma mais “doce”.
As letras também refletem um Tom Waits mais comportado. Existem algumas letras bem-humoradas, como “I’m your late night evening prostitute” e “Had me a girl”, mas está longe de ter aquela abordagem de “Rain Dogs”, vejam:
Há algumas semanas, conversando com João Pedro, ele comentou de um video que eu não dei tanta bola por achar que era um daqueles achados desinteressantes e de curta duração. Contudo, o vídeo não só fez sucesso na web, como sua repercussão foi tão grande que a Disney lançará um single digital da versão dos Muppets cantando Bohemian Rhapsody, do Queen.
O video foi divulgado como homenagem ao aniversário de morte do cantor Freddie Mercury.
Ao todo, 40 personagens participaram da paródia. Mas meu preferido continua sendo o Animal!
Veja, por exemplo, um “combate” entre Animal e o baterista Buddy Rich.
Junto com as atualizações das sugestões que ficam ao lado direito, publicarei um post sobre essas indicações.
Pública – Como num filme sem fim
Conheci essa banda através de algum programa da MTV que eles tocaram ao vivo. O som é bem sessentista e as músicas tem uma ótima qualidade. Depois, no dia que estava escrevendo um post sobre vinil, vi novamente eles, dessa vez com o clipe “Long Plays”, uma ode ao “vinileiro”. Eles disponibilizaram os dois CDs no site deles e pela Trama Virtual.
Bob Dylan – Gravações comentadas
Um guia rápido, mas detalhado, de todos os álbuns lançados pelo cantor até o “Together Through Life”, de 2009. Além de dados como o número de catálogo das versões dos álbuns, tempo de duração e ficha técnica, há comentários do disco e de cada faixa. Também são contempladas as participações de Dylan em CDs de trilhas sonoras, compilações e alguns bootlegs.
Rolling Stones – Gimme Shelter
Documentário sobre o show dos Rolling Stones no autódromo de Altamont, perto de São Francisco, em 6 de dezembro de 1969, quando um jovem de 18 anos chamado Meredith Hunter morreu após ser esfaqueado por um dos membros da gangue de motociclistas Hell’s Angels. Detalhe: a gangue fora contratada para fazer a segurança da apresentação. O DVD mostra os bastidores dos shows e as negociações para a apresentações.
Em 2006, meu grande amigo João Pedro (que escreve o “Ouse ser idiota” e “Fast food de pobre”) fez um documentário junto de outros colegas sobre o extinto jornal paulista Notícias Populares. Tive uma pequena participação nas trilhas sonoras e vinhetas, mas o melhor do video são as histórias bizarras contadas por quem fez escreveu.
Culpo as gravadoras pela crise instaurada na industria fonográfica. Desculpe, majors, mas vocês não abriram os olhos a tempo para a cultura do download e compartilhamento de arquivos (como o mp3). E quando resolveram fazer algo, deveriam interagir com a tecnologia e não tentar limitar a anarquia que é a Internet. A pasteurização do som, através do uso do CD, também ajudou em muito na disseminação pelo consumo virtual.
Contudo, algumas gravadoras grandes encontraram uma saída para a crise. E essa solução pode ser saudável para todos: “re-culturalização” do vinil. Isso faz com que seja necessário, para quem gosta de musica com qualidade superior ao mp3, o consumo físico da música. Faz com que o mercado fonográfico se aqueça novamente. Faz com que não seja mais produzido e lançado tantos artistas sem arte, bandas sem música, cultura sem informação (e não quero dizer engajamento!).
Os EUA e a Europa mantiveram a produção de vinil durante todos esses anos. O aumento, no entanto, foi drasticamente maior em 2008, quando o consumo cresceu 124% nos EUA. Pegando carona nessa onda, a DeckDisc de João Augusto comprou a última fábrica de vinil da America Latina, Polysom, que estava fechada desde janeiro do ano passado. Fizeram um trabalho cansativo e delicado de restauração das máquinas, além de manter alguns profissionais que trabalhavam na época de ouro do vinil no país.
A expectativa é que se produza, inicialmente, 40 mil vinis (28 mil LPs e 12 mil singles) por mês. Esse número deve aumentar com a demanda, além de aparecer outras alternativas (como o vinil colorido).
A Sony também teve bom olho para o mercado, lançou a coleção “Meu primeiro disco”, relançamento em vinil (prensado nos EUA) mais o CD de álbuns famosos e importantes da música brasileira, como Chico Science & Nação Zumbi e João Bosco e pretendem lançar 30 títulos nessa linha.
Coincidentemente, assisti há poucas horas um clipe da banda Pública, chamado Long Plays.
Obs.: Tenho outro post sobre vinil, mas tratando de outro aspecto.