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Archive for novembro \07\-03:00 2011

Bob Desper

Gosto de ouvir músicas feita por cegos. Acho que a idéia sinestésica de que a falta da visão irá aprimorar – e descomplementar – a audição de algum deficiente visual é interessante e curiosa. Um desses músicos cegos é Bob Desper, que conheci recentemente. Além de sua provável audição preciosa, sua história me entreteu e me persuadiu.

Cego desde os 10 anos, o americano nascido resolveu aos 24 anos gravar seu primeiro disco. Era 1974 quando Bob comprou um violão Martin D-28 novo e, no dia seguinte, seguiu para o estúdio para gravar uma porção de músicas e improvisos. Todas em apenas um take cada.

Ele intitulou o album de New Sounds. Foram impressos 500 cópias, mas mal se ouviu falar delas. Assim como Bob Desper que sumiu tão repentinamente como sua visão.

Para mim, o grande valor de New Sounds é saber que são rascunhos de canções e improvisos, todos gravados sem repetições. Imagino o som que ele ouvia enquanto dedilhava e criava algumas boas dissonâncias no seu novíssimo Martin.

Outro ponto que me cativou foi a maneira como gravou. Ele não tinha contrato com gravadora ou uma carreira musical sólida. Sua vontade era apenas brincar e registrar suas canções. Simples assim. E é com essa simplicidade que ele criou algo belo.

Sua música tem uma estética parecida com Nick Drake, mas a atmosfera que ele cria não tem comparação com o músico britânico. Ao contrário de Drake, Desper faz uma música também intimista, mas positiva, esperançosa. Quando questionado qual temática existia por trás de todas suas músicas, ele respondeu: união (Togetherness).

Bob Desper está vivo, mas por conta um machucado tratado grosseiramente na mão, ele não consegue tocar da mesma maneira.

Graças a Discourage Records, New Sounds foi descoberto e re-lançado no ano passado.

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