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Archive for novembro \27\-03:00 2008

Viagens eruditas

Passei uma temporada no mundo da música erudita. Achei muita coisa interessante, muito mais as coisas que ainda não entendo – mas espero entender algum dia – e várias outras vertentes que mal conheci e que aguardo o tempo para conhece-las.

Dentre as coisas que me chamaram a atenção, está o período Barroco. Apeguei-me muito na obra de Johann Sebastian Bach. E não é à toa: a sua morte, em 1750, é considerada como o marco final do período Barroco na música. Daí já temos uma noção da importância deste alemão.

Bach foi um protestante engajado. Trabalhava dentro das igrejas compondo músicas para serem tocadas nas cerimônias religiosas. Tem, como exemplo, as Cantatas, que são cantos baseados na história de Jesus e do cristianismo.

Contudo, uma parte da obra do compositor eram de músicas profanas – que não fazem alusão a elementos sacros – e nessa vertente ele também foi praticamente imbatível. Virtuose no órgão, Bach criou vários estudos e músicas que tinham como objetivo dissecar todo o potencial que a música tem.

A quem diga que a importância de Bach na história da música vai além do período em que ele viveu. O maestro alemão Hans von Büllow afirmou que “se todas as obras-primas da música desaparecessem e a nós só restasse ´O Cravo bem Temperado´, poderíamos reconstruir, com base nele, toda a literatura musical perdida”.

Esta obra, especificamente, tem o objetivo de destrinchar praticamente todas as possibilidades da música. A obra consiste em músicas em todos os tons possíveis – Dó maior, dó menor, dó sustenido maior, dó sustenido menor, ré maior e assim por diante.

Existem vários estudiosos de Bach, é o caso do alemão Karl Richter; o brasileiro João Carlos Martins; e, um dos meus prediletos, Glenn Gould.

Segue abaixo um vídeo de Glenn Gould interpretando o “Prelúdio e Fuga em A”, do livro 2 do “Cravo bem temperado”.

Glenn Gould, que aprendeu a ler partitura antes mesmo de ser alfabetizado, ficou famoso em 1955, quando lançou uma interpretação diferente de uma das obras de Bach, a “Variação Goldberg”.

Gould tinha como objetivo tirar a influência do período Romântico das interpretações que se faziam de Bach, nascido dois períodos antes. Para isso, deixou sua sonoridade mais imponente e precisa, com menos possibilidades “divagações sonoras”.

Abaixo, temos duas interpretações de Glenn Gould para uma mesma canção. A “Variação Goldberg” foi a única obra que foi gravada duas vezes pelo pianista. A primeira, em 1955 – que o deixou famoso – , e a segunda em 1981.

Além de ter uma forma única de interpretar as músicas, Glenn Gould também tinha uma maneira exclusiva nas suas performances. Excêntrico, o canadense usava sempre a mesma cadeira, que foi construída pelo seu pai, e era mais baixa que as cadeiras usadas por pianistas tradicionais, deixando-o mais debruçado no piano. Gould também tinha um movimento nas mãos que era único. E, talvez a característica mais excêntrica do músico, era cantar as melodias enquanto tocava.

Vejam um exemplo de sua cantoria, dessa vez ele num momento descontraído em sua casa de campo.

Para terminar, uma aula de virtuosismo por parte do interprete e de genialidade por parte do compositor.

Aguardem um Top 5 com Glenn Gould… Em breve!

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