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Archive for dezembro \30\-03:00 2008

Devaneios eruditos

Espero compensar minha ausência com algumas sugestões de música erudita. Eis um humilde TOP 5! Não coloquei nenhum Glenn Gould porque ele já teve seu espaço anteriormente.

1 – Mozart – Sinfonia nº 25

Condutor: Karl Bohm

2 – Elgar – Concerto para Cello em E menor (opus 85)

Condutor: Daniel Barenboim
Cello: Jacqueline Du Pré

3 – Mozart – Concerto para Piano nº20

Piano/Condutor: Mitsuko Uchida

4 – Bach – Suíte para Cello nº1

Cello: Yo-Yo Ma

5 – Bach – Ária na 4ª corda

Violino: Sarah Chang

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Quem assistiu ao documentário do Tom Zé (Fabricando Tom Zé) provavelmente percebeu uma rusga mal resolvida entre os tropicalistas oficialescos (ou “CaetaneGil”) e a figura amalucada, anacrônica e marginalizada de Tom Zé. Nada foi esclarecido, mas ficou claro que existem coisas mal explicadas na Tropicália de antes e depois do exílio da dupla.

Compartilho aqui as informações que enviei para Tarsilla, minha parceira de discussões Tomzenianas e tantos outros tópicos que convidamos para nossas próprias sabatinas.

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Tarsi!!!!

Acho que cada vez mais o Tom Zé está se sentindo mais confiante para dizer o quê realmente quer sobre seus anos de stand-by na cultura brasileira. Segue abaixo alguns textos, quase em forma de um pré-dossiê.

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19/11/2008 – BLOG DO CAETANO

TOM ZÉ

Ouvi o disco de Tom Zé. Muito legal. Muito ele mesmo. Quando li que se chamava “estudando a bossa”, ri, gostei do tom de trilogia com os outros dois “estudandos”, e fiquei curiosíssimo para ver como é que ele ia tratar musicalmente o assunto. Diferentemente de mim, de Gil, de Gal e da torcida do Bahia, Tom Zé nunca foi um bossanovista. Comentado o “Estudando o samba” com David Byrne em Nova Iorque, logo que saiu a primeira coletânea de Tom Zé que ele fez, eu disse: “Muito da força desse disco vem de Tom Zé não ser da área do samba: ele não é do Recôncavo, tem sotaque do sertão, não é meio carioca como o povo de Salvador”. Claro que a força maior vinha do espírito experimental de Tom Zé e de suas escolhas no universo da música erudita contemporânea. Mas a distância, o estranhamento que sua origem propiciava contribuía muito para o experimentalismo e as escolhas. Agora, com a bossa nova, o que é que ele faria? Alegra-me muito que, ao fim e ao cabo, isso tenha algo a ver com nosso transamba aqui, nosso trabalhoso progresso. Pelo avesso. Mas tem. É um comentário de comentários sobre os ritmos do samba, as levadas, as batidas – e é o Rio. O Rio como tema permanente. Adorei ouvir Mariana Aydar dizendo “masturbar” com os erres superpaulistanos (não confundir com os retroflexos, que são meus e de Heloísa e de mais ninguém). E a afinação e musicalidade de Mônica Salmaso me impressionou de novo como tinha me impressionado quando cantamos juntos em Parati, com o Uakti. No disco com as músicas de Chico ela não me pareceu à altura sublime do que percebi naquela noite. Mas Zélia Duncan, Fabiana Cozza, todas. E David Byrne – na faixa que, à primeira audição me pareceu a melhor do disco – está divino. Os contrapontos engraçados, os contrapontos inventivos, os contrapontos sofridos, tudo no disco é Tom Zé puro. A explicitude nas várias recontagens da história também.

21/11/2008 – BLOG DO TOM ZÉ

NÃO, CAETANO.

Não, Caetano (foi parar no orkut um comentário do blog de Caetano Veloso sobre o disco “Estudando a Bossa”.)
Não, Caetano.
Não posso aceitar. Agora estou irremediavelmente desertado e não posso mais voltar para o colo do grupo baiano. Você sabe que seus braços são preciosos e irresistíveis, mas não posso ir comemorar neles este disco, nem com você.
Escolho, também por dever, privilegiar aqueles que me deram proteção e alento durante todos estes anos; quero estar com Elifas Andreato, que não tem metade do seu prestígio mas foi um porto protetor, e fez tudo por mim durante uma longa noite de solidão; tenho de procurar Alberto Villas, jornalista que me acudiu, tenho de ir ao abraço de Arthur Nestrovski, que lançou meu “Tropicalista Lenta Luta” na Publifolha.
De João Araújo, pai de Cazuza, que chegou a me mandar dinheiro escondido naqueles tempos.
De Cesare Benvenutti, que tomou de assalto o estúdio de Miguel Maimoni, do “Três do Rio”, para gravar o “Nave Maria” durante a madrugada no horário disponível.
Lauro Léllis, Milton Belmudes e Charles Furlan – quem são eles? Não são nada diante de sua grandeza e influência, mas de 1982 a 84 ficavam comigo durante a madrugada no mesmo estúdio, resolvendo as encrencas daquela Nave, enquanto Cesare adormecia, debruçado na mesa de som, esperando que estivéssemos prontos para gravar cada idéia do disco. Tenho obrigação de comemorar com eles qualquer resultado mais positivo nesta vida.
Sinval Itacarambi, da revista “Imprensa”, viu o show “Jimi Renda-se” no Sesc Consolação. Admirou o espetáculo e se juntou a Fred Rossi, tentando inventar um jeito de me salvar. Sinval tomou como encargo me arranjar um patrocinador e fez o representante dos licores Bols ser submetido a uma audição das músicas que eu fazia, na casa deste… Nossa! Deve ter sido necessário um pai-de-santo para tirar o assombro que eu podia ver na face do posudo rapaz vendo o prestígio de seus licores ameaçado pela barbárie imbebível que eu praticava.
Essas pessoas se arriscaram e agora quero, pelo menos, comemorar com elas. O falecido Walter Durst me impôs ao indignado Avancini para que eu fosse assistente de baianidade da mini-série “Rabo de Saia”. A indignação de Avancini era tão evidente que parecia ameaçar até o emprego de Durst na Globo.
Sônia Robato me deu para compor três histórias infantis da Editora Abril — “O Macaco Malaquias” e outras.
Cada trabalho desses significava vários meses de supermercado, pois em casa, o trabalho de Neusa no Sesi muitas vezes era o que se tinha e estávamos conversados. (Estas parecem certas narrativas sobre os miseráveis de Charles Dickens. E são.)
Por falar em Neusa, do que ela agüentou com fairplay e bom humor não se pode fazer a conta.
Salomão Gorenvaitz e Jaime Cerebrenik inventavam me fazer cantar nos casamentos das filhas. Valdemar Szaniecki me aconselhou a cantar música caipira. Como eu vacilasse, ele apresentou idéia mais ousada e me deu uma longa explicação de como eu, usando um turbante branco com uma pedra no centro, sentado numa alva mesa, com alguns outros utensílios de adivinhação, — como eu poderia, enfim, ganhar a vida com mais facilidade e parar de lhe tomar dinheiro emprestado.
Por causa desses e de outros tantos que aqui esqueço, eu não posso aceitar agora o seu colo e do grupo baiano, que durante todos esses anos me separaram até do que era meu, enquanto gozavam todo o prestígio e privilégios, talvez como ninguém mais neste País analfabeto.

Tom Zé

26/11/2008 – COLUNA DA MÔNICA BERGAMO

AGRADECIMENTO
“Caetaaaanooo, vai tomar no c*”, disse Tom Zé no domingo, 23, diante da platéia que lotou o show que fez no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O músico anda falando mal de Caetano Veloso até em seu blog depois que ele o elogiou por causa do recém-lançado CD “Estudando a Bossa – Nordeste Plaza”.

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“Não, Caetano (…) eu não posso aceitar agora o seu colo e do grupo baiano, que durante todos esses anos me separaram até do que era meu, enquanto gozavam todo o prestígio e privilégios, talvez como ninguém mais neste país analfabeto.”

RÉPLICA
Caetano respondeu ao cantor Tom Zé: “Eu não sou o grupo baiano. Eu sou eu. E você não precisa recusar um abraço meu para ser grato a quem o ajudou. Nos abraçamos muito nesses últimos anos. E quando o show do “Cê” pintou você escreveu sobre ele. Agora escrevi sobre seu disco porque toco esse blog de feitura do meu e nele escrevo sobre tudo. Por que me proibiria de escrever sobre você? Tá maluco? Eu gosto de você. Não precisamos desses surtos de ressentimento”.

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Viste?? VISTE?? PERCEBESTE???? OLHASTE????????

Vixi…!

É isso!!!

Beijos mais Irará que Salvador!

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Este post será rápido, porém muito “conteudesco”. Lembrem-se: Periodicamente, passem para uma visita no blog do Tom Zé. Multi-instrumentista (e isso vai de piano a enceradeira, passando por violão e jornal), poeta, escritor, agitador cultural, jardineiro (ele recebe dois salários mínimos para comandar a paisagem bucólica do prédio paulista onde mora), um senhorzinho que tem um carisma tão gigante quanto sua inteligência e usa o dialogismo em toda sua plenitude!

http://tomze.blog.uol.com.br/

A última do Tão Zé é que os visitantes façam sugestões de um livro para que ele leia e comente através do blog suas impressões no decorrer da leitura. Vale a pena, viu…

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