Feeds:
Posts
Comentários

Archive for maio \30\-03:00 2007

Top 5 – Trilha Sonora

O livro que estou lendo no momento é “Alta Fidelidade”, de Nick Hornby, que baseou o filme de mesmo nome. Peguei emprestado com o Jão, que já leu e viu o filme diversas vezes. A história é basicamente sobre um dono de loja de discos viciado em fazer ‘top 5’ com seus funcionários que leva um fora de uma namorada e faz um balanço na sua vida amorosa. Tanto o livro quanto o filme são muito bons. Aconselho!!

Influenciado atualmente pelo livro, elejo o meu ‘top 5’ de trilhas sonoras de alguns dos meus filmes favoritos.

1 – Le Fabuleux Destin D’Amelie Poulain
O filme é bom assistir quando se está com alguém, mas também vale a pena assisti-lo sozinho. A trilha sonora é instrumental e com um arranjo muito característico. A maioria das músicas usam acordeom, piano, cravo, entre outros instrumentos. Eu até fiz uma música inspirada nesta trilha chamada “Valse Poulain”.

 

 

Cidade de Deus2 – Cidade de Deus
Esse filme é foda. Do caralho mesmo. Com tanto palavrão na porra do filme, não tem como um merda como eu explicar essa porra sem falar ao menos um palavrão, caralho! A trilha sonora também é foda, com músicas exclusivas para o filme e outras ótimas escolhas para lembrar de muita música boa que foi feita no Brasil, como Cartola, Raul Seixar e Tim Maia.

 

Forrest Gump3 – Forrest Gump (Download: CD1 CD2)
A musiquinha-tema do filme é muito boa. Aquele começo com o piano, que toca quando a pena ta caindo, logo no começo do filme é de deixar os olhos úmidos para quem já assistiu o filme. Mas além dessa parte sentimental, o filme também traz alguns rocks muito bons, como é o caso da “Fortune Son”, do Creedence Clearwater Revival, e “Sweet Home Alabama”, do Lynyrd Skynyrd.

Pulp Fiction4 – Pulp Fiction
Sem comentários. Tanto para o filme quanto para a trilha sonora. Tarantino com sua mente sempre investiu bastante na escolha de suas trilhas, mas para mim a de “Pulp Fiction” merece destaque. Quem nunca ouviu aquele surf music que até o Black Eyed Peas sampleou? Ou os diálogos antes de algumas músicas? Um clássico da trilha sonora.

O Poderoso Chefão5 – Poderoso Chefão
A música-tema do Poderoso Chefão já faz você ficar ligadão e com medo de tomar um tiro de algum mafioso a plena luz do dia, dentro de um restaurante, nos anos 50, enquanto se delicia com uma ótima taça de vinho tinto junto com uma massa al dente. É praticamente toda instrumental, orquestrada. Para quem viu o filme é inesquecível.

 

Obs.: Para fazer o download da trilha é só clicar na imagem do álbum. E o livro tem o link para a Saraiva, mas eu acho que dá para encontrar em sebos.

Read Full Post »

Limão Com Mel

Um CD qualquer de Limão Com Mel

Sempre virei a cara para esses sons popularescos. Calypso, Chiclete Com Banana, Ivete Sangalo e afins. Porém, de um tempo pra cá comecei a simpatizar com muita coisa que a ex-vocalista da banda Eva vem fazendo. “Quando a chuva passar” é simplesmente muito boa, tenho que admitir.

Um grande amigo meu, Paulo Henrique, vulgo Maceió, acompanha o meu blog e me sugeriu um desafio: fazer um post para uma das bandas de forró eletrônico que ele ouve: Limão Com Mel. Achei interessante a idéia e peguei emprestado com ele um cd de “grandes sucessos” da banda. Obviamente nós dois achamos que eu não iria curtir, então o desafio em si seria saber como eu iria conseguir escrever um comentário de músicas que simplesmente não fazem parte do meu gosto musical, mesmo ele sendo muito eclético.

Comecei a ouvir o CD. Primeira faixa: um começo espacial, parecia abertura do programa “Xou da Xuxa” (Lembra?). Um começo quase metal. Uma entrada com o vocal e batida sincronizada e às vezes no contra-tempo com bumbo, pratos, baixo e guitarras distorcidas. Logo depois muda para uma orquestração com aquele timbre “sinfonia” do teclado, fazendo uma referência à fase psicodélica de Beatles (como a música “Eleanor Rigby”). Uma virada digna de um rock progressivo, Dream Theather e afins (acredite se quiser!). E a música então começa…

Aquele suingado característico de forró, com guitarras limpas e sanfonas fazendo uma base que preenche bem e o baixo com suas linhas clichês. A guitarra distorcida merece destaque a parte, assim como as viradas de bateria.

Encontra-se nas linhas de guitarra, quando usadas com distorção, às vezes aqueles harmonizações de música sertaneja. Mas muitas vezes solos muito bem feitos, chegando até a se ouvir harmônicos falsos, como um Zakk Wylde que foi criado com Calypso. Metal up your ass!!

O batera dessa banda bebeu muito as poções do metal. Foi criado com camiseta preta e sanfona, dançava forró de noite, mas ficava na praça tomando vinho quente e vestindo coturno e cintos com rebites em pleno sábado de manhã. Viradas junto com os instrumentos de harmonia, como, novamente, as bandas de progressivo. E o uso do bumbo nas viradas também dão a sensação esperar uma voz gutural “cantando” sobre o inferno e as dificuldades do mundo.

A voz tem uma grande influência da música sertaneja. Parece Bruno e Marrone com sanfonas e um ritmo dançante.

Desculpem por estar sendo muito técnico, entrando nesse universo de termos musicais. Mas é que eu estou completamente chocado com a riqueza de timbres e a ótima produção musical. Ouve-se músicos muito competentes dando base para uma banda brega, sim, mas que não é ruim. Não mesmo! É aquele tipo de banda que você gosta e não assume. Uma Kelly Key, por exemplo.

As últimas faixas do CD são músicas acústicas. Violão, percussão, flauta e voz. Aí segue o clichê de músicas nesse formato. É legal, mas nada de muito interessante. É brega, mas mais uma vez admito a qualidade. Não é ruim, não!

Enfim, a experiência que eu tive em ouvir Limão Com Mel foi bem diferente daquela que eu e Maceió imaginávamos. Eu realmente estou sendo sincero ao falar que não achei péssimo. Não chega a entrar nos discos que mudaram a minha vida ou aquelas músicas que você tem uma vontade repentina de ouvir, mas não é algo sofrível de se ouvir.

Read Full Post »

666!!!

O blog Pangéia chegou a 666 visitas… em menos de um mês!

Como diria Al Pacino… RÁ!!!

Abrasssssss…

Read Full Post »

66 anos de Bob Dylan…

Recebi hoje um email do Baiano me informando de uma data: hoje, 24 de maio de 2007, Robert Allen Zimmerman faz 66 anos de idade. Vulgo Bob Dylan, sobrenome que pegou emprestado o poeta Dylan Thomas, foi um dos músicos mais influentes, principalmente nos anos 60. Cantando o que se chama de “canções de protesto”, designação que ele não aceita que seja qualificada suas músicas, Bob Dylan mudou a história da música americana ao dar uma nova abordagem ao folk tradicional.

Bob Dylan nasceu em Duluth, Minnesota, mas foi criado em Hibbing. Não se indentificou com nenhuma das duas cidades. Aos 10 anos, uma visita ao porão mudaria sua forma de ver o mundo. Ao chegar abaixo da casa onde morava encontrou um violão e um móvel em mogno. Quando abriu o armário, viu que se tratava de uma vitrola, com alguns vinis. Foi seu primeiro contato com folk music e se identificou de primeira, por achar que o estilo via do mesmo modo que ele  a vida.

Tocou em algumas bandas de rock durante a adolecência, mas ao ouvir o músico Woody Guthrie, percebeu que esse seria seu maior ídolo. Bob chegou a visitá-lo no hospital quando o músico estava doente. No começo dos anos 60, resolveu sair de Hibbing para se aventurar no resto do país, sob a influência do movimento beatnik, até chegar na cidade de Nova Iorque, em 1961.

Lá, frequentava muito a região de Greenwich Village, local onde borbulhava cultura vanguardista. Poetas, músicos, atores e diversos outros artistas se encontravam nos bares da região para ouvir canções e poemas. Entre eles, Bob Dylan começou a tocar músicas que o influeciavam, como as de Woody Guthrie e a cantora negra Odetta.

Nessa época, John Hammond, que já havia descoberto ícones do jazz, como Billie Holiday e Count Basie, convidou Dylan para assinar um contrato com a grande gravadora Columbia. Em 62, ele grava 13 músicas, sendo apenas duas próprias, para o seu primeiro vinil.

 

Até então, essas duas músicas eram as únicas que ele compusera. “Talkin´ New York” registrava algumas das suas impressões sobre a cidade e “Song to Woody” foi uma necessidade que Dylan teve em cantar algo para o seu maior ídolo.

O álbum de estréia não fez muito sucesso, ao contrário do seguinte: “The Freewhelin´”. Para o vinil de 63, Bob Dylan compusera 11 das 13 canções. Entre as de sua autoria, “Blowin´ in the wind” seria um marco da história da música americana, sendo gravada por diversos outros artistras, como o trio Peter, Paul and Mary.

 

Em “Freewhelin´” ficava evidente o talento que o jovem de 22 anos tinha. Não fazia nem dois anos que o rapaz começara a compor e já havia criado um hit, que seria um hino de uma geração. Geração essa que Dylan não se identifica e que sempre negou o título de “voz da geração” dos anos 60. Suas letras, quase que proféticas, seriam largamente usadas pelos grupos de esquerda.

Lançaria diversos álbuns nos anos seguinte, mas seria “Bringing it all back home”, de 1965, que construiria uma polêmica gigante. Até então, Dylan se encaixava no movimento folk tradicionalista, já que em suas músicas apenas voz, violão e gaita compunham os timbres. Porém, com este vinil, Dylan quebrou as regras folk e apunhalou uma guitarra, além de contar com uma banda de rock. Muitas críticas foram feitas contra Bob, o acusando de traidor do folk e venvido à música comercial já que a Beatleamania estava em seu auge.

 

Bob Dylan ainda violaria muitos paradigmas em toda a sua carreira. Faria releituras de suas músicas, transformando-as até em reggae, sempre ousando e promovendo uma discussão sobre o futuro da canção através das inúmeras versões.

Vale a pena conferir a carreira inteira deste artista. Para quem pouco conhece sobre Bob Dylan, sugiro o documentário dirigido por Martin Scorcese sobre os primeiros anos da carreira de Bob Dylan e o histórico concerto no festival de folk de Newport, em 1965, quando tocou com sua banda músicas do álbum do mesmo ano.

Read Full Post »

Uma coisa é fato: Depois de Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, pouco se criou dentro do movimento Manguebeat, nascido no Recife em meados dos anos 90. Não sei se foi por esgotamento criativo, por sucesso do movimento ou por saturação do estilo, mas a real é que todas as bandas que vieram depois não acrescentou algo de muita relevância.

Não quero dizer que não há coisas de qualidade. Jorge Cabelera, Escurinho, Eddie e Lampirônicos são apenas alguns exemplos de ótimas produções do movimento pós-Chico Science, mas de certa forma sempre se copiou o mesmo formato. Às vezes dando mais ênfase ao rock, ao maracatu ou a outros estilos, mas seguindo a mesma formula.

Mombojó, portanto, segue a mesma linha das bandas citadas. Das bandas-mestres do movimento, fica mais perto de Mundo Livre S/A (o vocalista Felipe S soa parecidíssimo com o vocalista do Mundo, Fred 04, que por sua vez remete à voz de Jorge Ben). Há um quê de Los Hermanos, com sotaques sessentistas da Jovem Guarda. Obviamente não deixam de lado os ritmos suingados dos sambas, bossa-nova e maracatu, mas também investem em elementos do jazz e em algumas batidas de drum´n´bass. Se há algo de original no som do Mombojó, além da grande diversidade de estilos convergidos é a variedade de timbres. Ouve-se de órgãos Hammond e pianos Fender Rhodes a flautas, percussões e violões, passando por sintetizadores e outros efeitos sonoros. O grupo recifense já lançou dois álbuns. nadadenovo, de 2004, distribuído pela revista do Lobão, Outracoisa; e Homem-espuma, de 2006, com distribuição da Trama.

Mesmo sem muito adicionar à sopa do manguebeat, acho que vale a pena conferir a banda ao vivo. Deixando de lado as inevitáveis comparações com Mundo Livre, dá pra curtir um ótimo som.

O Mombojó toca em Campinas semana que vem, na Kraft. Quem quiser saber mais, entrem na página da Kraft ou na do Vinil Produções.

 Obs.: No site do Mombojó dá pra baixar os dois CDs dos caras… É bom conhecer as músicas antes de ir no show, né?

Read Full Post »

Top #10 – Chuva!

Chuva

Aqui em Campinas amanheceu chovendo então vou pro meu primeiro post de um “top” meu…

Aí vai…

1- Cordel do Fogo Encantado – “Preta”
2- Cordel do Fogo Encantado – “Chover”
3- Bob Dylan – A Hard Rain´s a-gonna fall
4- Jack Johnson – Banana Pancakes
5- Ramones – Have You Ever Seen The Rain
6- The Doors – Riders On The Storm
7- Biquini Cavadão – Chove Chuva
8- Raul Seixas – Medo de Chuvas
9- Funk Como Le Gusta – Meu Guarda-chuva
10- Karnak – Depois da chuva

Puta merda! É muito foda fazer “top”!!

Read Full Post »

Cordel do Fogo Encantado

Para fechar a Virada Cultural em Campinas, a organização escolheu o grupo Cordel do Fogo Encantado. Uma ótima escolha, já que é uma banda que faz shows lotados quando toca por aqui. E mesmo já se apresentado na cidade nesse semestre, o grupo de Arcoverde, Pernambuco, trouxe muita gente para a Estação Cultura.

O show já começa numa inversão de valores. Ao contrário do que muitas bandas fazem, o “líder” da banda, o vocalista Lirinha, entrou no palco antes do que o restante do grupo. Entrou devagar, se preparando como que para um ritual, para o show que viria a comandar. Chegou perto do microfone em meio à sons de celas se abrindo e fechando e começou a recitar o texto, entitulado “Tlank”, de Manoel Filó, que é a introdução do último CD da banda, Transfiguração. O poema de introdução já explica o espetáculo e o CD: Conta o sentimento de um preso, do momento em que entra na prisão (que nada difere de um velório) para o momento em que sai da punição, em liberdade. Assim é tanto o CD quanto o show. Livre.

Logo após “Tlank” o show começa com todos da banda tocando “Sobre as flores (ou O Barão nas Árvores)”. Um começo energético e uma letra que também fala de uma desvinculação. “(…)gritou no jantar: não quero nada”. A percussão alucinante e Clayton Barros no violão abusando de efeitos fazem o clima para as histórias que são contadas. Lirinha não só se mostra um ótimo letrista (ou seria poeta?) e cantor, como também um personagem a parte do espetáculo, remetendo ao começo da banda, que iniciou os trabalhos em 1997 como um grupo teatral.

O Cordel tocou boa parte das músicas do novo CD e a receptividade do público foi ótima. As pessoas pularam nas canções do último CD tanto quanto nas músicas dos outros dois álbuns (Cordel do Fogo Encantado e O palhaço do circo sem futuro, ambos 2002). Um dos pontos altos do show foi a música “Louco de Deus”, quando Lirinha “dialogou” com uma latinha contendo fogo. Olhava para o fogo, brincando com ele e dizendo para ele a letra. Quanto não cantava, jogava a lata para cima, como um louco. “(…)Eu sou um servo dos loucos de Deus/No fundo dos olhos/Na alma do corpo/No fogo/Fogo”.

Louco de Deus

A música que dá nome ao ultimo álbum também teve para mim uma lembrança a parte. Foi a primeira vez que vi “Transfiguração” sendo executada ao vivo e a energia que se sente nessa música é muito intensa. Uma das músicas mais bem produzidas do CD. A interação entre a letra, a percussão e a forma de cantar de Lirinha é perfeita. A banda está a altura da qualidade lírica de Lirinha.

Algo que sempre me chama atenção é o transe em que Lirinha se encontra quando esta no show. Como um momento único, ele curte cada segundo de sua estadia no palco. Rege a banda, como em “Morte e vida Stanley”. Rege o público como em “Pedrinha” e “Ai se sesse” (uma puta obra de Zé da Luz). Em “Chover”, Lirinha, longe do microfone, continua falando, rezando, pedindo chuva a Deus. Não foi a toa que nesta terça-feira choveu aqui em Campinas. Sua prece foi atendida.

Ao explicar a letra de “Ela disse assim (ou A teus pés), Lirinha conta a história por trás da letra. Uma menina que se joga de um prédio. Além da explicação a performance de Lirinha nessa música dá o tom teatral único e inesquecível.

Enfim, acho melhor não falar de cada música, pois cada uma tem sua intensidade única. Eu sempre sugiro a todos que assistam a um show do Cordel. Para mim um show deles por ano, no mínimo, é obrigatório. Depois da apresentação você se sente leve, tranqüilo, com a alma lavada e reestruturado para seguir a vida.

Obs.: O Cordel também está no myspace! E daqui a poco eles seguem para Portugal única apresentação por lá! Isso sim é coisa pra levar pra fora!!!

Read Full Post »

Depois de Tom Zé foi a vez de Negra Li se apresentar. Achei muito ousado, mas muito interessante, o fato da organização da Virada colocar dois artistas bem diferentes em horários seguidos. Negra Li entrou no palco logo depois de Tom Zé, às 00h30, e me fez comprovar a qualidade musical que o Brasil conseguiu conquistar no cenário hip-hop.

O show da Negra Li contou com duas dançarinas e um cara para fazer as vozes masculinas, além, obviamente, de um DJ no meio do palco. A menina do bairro paulista Vila Brasilândia entrou no palco com uma presença muito forte, mas sem ostentar muito o lado material. Ao invés de diversos apetrechos e roupas caríssimas e de grifes da alta classe, Negra Li se apresentou com um conjunto de roupa de esporte azul claro da Adidas. É claro que a Adidas não deixa de ser uma grife, mas não me pareceu uma ostentação ao dinheiro a roupa que ela usava.

A cantora se mostrou muito versátil, mesclando pontos em que cantava com partes em que rimava, tudo com uma qualidade e respeitabilidade tremenda. No repertório apresentou músicas de várias fases, desde de quando cantava com Helião (logo depois de sair do grupo RZO), passando por músicas do seu “grupo cinematográfico” Antônia. Obviamente não ficaram de fora as músicas de seu CD solo, “Negra Livre”. Li também cantou covers, como no caso da canção, que já é uma releitura, “Killing me softly”, dos Fugees.

As batidas das músicas, assim como toda a estrutura e essência das canções não deixam nada a desejar para toda a produção de hip-hop dos americanos. Além disso, e o mais importante, é que as letras são cantadas em português, deixando o público mais a par da mensagem que é dada, seja ela de caráter político ou sobre amor, por exemplo.

Obs.: Negra Li tem uma página no myspace. Lá da para ouvir quatro músicas inteiras. Bom para saber do que se trata!

Read Full Post »

 E a Virada Cultural rumou para o interior. Neste fim de semana ocorreu o evento em diversas cidades do interior de São Paulo. Para Campinas, os destaques foram as apresentações de Tom Zé, Negra Li e Cordel do Fogo Encantado, que fechou o evento.

Na cidade de Campinas, em diversos pontos ocorriam espetáculos. Depois de uma “análise” dos eventos, resolvi ir apenas nos shows ocorridos na Estação Cultura. Cheguei no local por volta das 20hrs do sábado. O primeiro show que vi foi de Tom Zé, às 22h00.

O show de Tom Zé foi fantástico. Ele se mostrou que, mesmo aos 70 anos, consegue surpreender e chamar a atenção de diversos jovens. Estavam no eventos desde pessoas que já conheciam o trabalho do tropicalista, até pessoas que foram lá para ir na feira Mundo Mix (uma feira de roupas e acessórios). O único do problema o som, já que não conseguia entender direito as falas de Tom entre as músicas. O show começou com Tom vestido com uma vitrola no peito e cheio de conduites amarelos.

Dois momentos do show foram o suficiente para deixa-lo inesquecível. O primeiro foi na música “Companheiro Bush”, do CD Imprensa Cantada. Uma crítica bem-humorada sobre a guerra do Iraque promovida pelos EUA. “Se você já sabe quem vendeu aquela bomba pro Iraque/Desembuche/Eu desconfio que foi o Bush/ Foi o Bush”.

Outro momento alto do show foi na música “Defeito 3: Politicar” do fantástico CD “Com defeito de fabricação”. Tom Zè vestiu, sem camisa, um terno e, no decorrer da música, ia rasgando e dilacerando a vestimenta. “Vá tomar no verbo/Seu filho da letra/(…)Vá tomar na virgem/Seu filho da cruz”.

Um momento que talvez não seja importantíssimo para o show, mas que para mim teve um peso muito grande foi de uma sutileza tremenda, mas que vai ficar de lembrança. Não sei se por conta da microfonia ou pelo improviso performático de Tom Zè, o cantor simplesmente pegou uma das caixas de retorno na frente do palco e a mudou de posição. Para mim isso teve um peso simbólico muito grande: um artista como Tom Zé, com o peso cultural que ele possui e aos 70 anos, pegar uma caixa gigantesca e arrasta-la alguns centímetros no palco, no meio do espetáculo.

O show serviu para fomentar em mim e em boa parte dos meus amigos a curiosidade para conhecer tudo sobre o Tom Zé e sua importância na música. Só ouvi um disco inteiro dele, o “Com defeito de fabricação”, mas com certeza, a partir de agora, vou atrás para saber muito mais sobre esse maluco da cultura brasileira.

Obs.: Não posso me esquecer de lembrar de uma fato que conheço sobre Tom Zé. Na capa do álbum “Todos os olhos”, de 1973, pode se ver um olho com uma bola de gude. Porém, o que nem todo mundo sabe é que o olho em questão não é um olho no sentido visual da coisa. Tom Zé contratou uma, digamos, profissional da cama, para tirar uma foto do ânus da garota com uma bolinha de gude incrustada em seu esfíncter anal. Simplesmente, durante o auge da ditadura, Tom Zé colocou nas lojas um cu com uma bola de gude. Fantástico!

Read Full Post »

Como aquecimento da Virada Cultural do Interior, o Sesc Campinas promoveu em parceria com o Sesc São Paulo a “Coletiva de Blues”. O evento aconteceu entre os dias 16 e 20 de maio e reuniu diversos músicos que representam o blues brasileiro, que tem uma grande visibilidade na cena internacional.

Fui assistir no dia 18, véspera do fim de semana da Virada, a apresentação de André Christovam Trio, que convidou o músico Theo Werneck (Não, ele não foi apenas o DJ do programa “H”, com Luciano Huck, do canal Bandeirantes).

O show começou numa exatidão britânica. Às 20hrs subia ao palco o trio liderado pelo guitarrista André Christovam. Começaram o show num clima muito intimista, apenas preparando a platéia e a si mesmos para o restante da apresentação. Tocaram de B.B. King a Peter Green, do Flatwood Mac. Além dos covers, o trio tocou músicas da carreira do próprio André, que se mostrou completamente entretido e feliz em tocar no dia, já que mudou a ordem das músicas, inclui canções que não estavam no repertório e conversava com a platéia em um ótimo bom humor. André se mostrou não só um respeitadíssimo guitarrista, com um estilo que mistura o blues e o jazz, mas também ser um ótimo cantor de blues, com aqueles saltos vocais dignos de B.B. King.

Em uma determinada hora, adiantou o quê iria acontecer e se precaveu. “Vou tocar duas músicas aqui antes que o Theo entre, por que quando ele entrar, vamos entrar num clima que eu não vou querer mais sair!”. Terminada as duas canções, Andre apunhalou um slide para chamar o convidado.

Eis que entra um rapaz humilde, com chapéu “cata-ovo”, camisa florida, All Star nos pés e uma sincera felicidade de estar subindo aos palcos. Theo entrou no meio da introdução da música, sentou no meio do palco, pegou seu lap steel, tirou do stand-by o Bassmann e mandou ótimos solos e arranjos com o trio. Cantou de modo a arrepiar a todos. Chegou “no sapatinho” (na humildade) e agarrou o público de um jeito completamente fantástico.

Ali ficou evidente o poder de persuasão e entretenimento que faz de Theo um coringa. Além de praticamente co-apresentar o programa liderado por Luciano Huck, Theo também trabalhou como ator, programador musical, músico de diversas bandas (como a Caboclada, que também conta com seu irmão, Márcio Werneck) e, para minha surpresa, como um árduo pesquisador de blues, principalmente das suas raízes.

Logo depois das primeiras músicas que tocou, Theo discursou sob a trilha sonora do trio que o convidou. Agradeceu muito a todos que estavam naquela noite por prestigiar o blues, cuja importância vai além da cultura norte-americana para virar uma identidade absoluta de um estilo de vida e expressão de uma classe que precisava de uma válvula de escape, semelhante ao samba no Brasil. Ambos foram inventados por escravos ou por parentes de escravos que ainda sofriam com o preconceito e a falta de oportunidade. Além do discurso, Theo também brincou com a platéia incitando-a a cantar e repetir suas vocalizações.

Dois destaques do show foram as versões que a banda fez com duas músicas. A primeira a ser tocada foi China Pig, gravada pelo duo White Stripes, muito elogiado pelo Theo como a “nova safra do blues, que os mais velhos devem prestar atenção também”. A música foi uma surpreendente roupagem blues para a música de Luiz Melodia, Negro Gato. Um bluez jazzy rápido e com uma originalidade e adaptação muito boa.

O evento foi muito bom e conseguiu juntar pessoas dos mais variados estilos: pais levando os filhos mais novos; avós trazendo os netos; namorados, amigos, músicos e mais um monte de pessoas que foram lá para prestigiar um blues autêntico, num dos poucos locais que dão espaço para essas vertentes culturais, como o Sesc.

Obs.: Theo não se agüentou e fez propaganda de sua banda, Theo Werneck Blues Trio, que toca essencialmente blues dos anos 20, 30 e 40 do século passado. Uma volta a uma das origens da música ocidental. Vale a pena conferir e divulgar!

Read Full Post »

Older Posts »